O Ministério Público do Rio denunciou o senador do Republicanos, Flávio Bolsonaro e o ex-assessor, Fabrício Queiroz pelo esquema da ‘rachadinha’ na Assembleia Legislativa do Rio.
A denúncia foi encaminhada na terça (3) ao desembargador responsável pelo processo no Tribunal de Justiça do Rio.
As investigações começaram em 2018 depois que um relatório do Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, identificou movimentações suspeitas na conta bancária de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, quando Flávio era deputado estadual. Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
O Ministério Público do Rio acusa Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e outros 15 investigados de participar do esquema de corrupção conhecido como ‘rachadinha’, em que o parlamentar fica com parte dos salários dos funcionários.
O jornal O Globo revelou nesta quarta-feira (4) que uma antiga assessora de Flávio confessou aos promotores a prática da ‘rachadinha’.
A reportagem revelou o depoimento que Luiza Sousa Paes deu ao Ministério Público em setembro. Ela admitiu que nunca atuou como funcionária de Flávio Bolsonaro e contou que era obrigada a devolver mais de 90% do salário.
Segundo o jornal, o primeiro contracheque dela no período em que trabalhou no gabinete tinha um valor bruto de quase R$ 5 mil. A reportagem diz que Luiza apresentou extratos bancários para comprovar que, entre 2011 e 2017, entregou por meio de depósitos e transferências R$ 160 mil para Fabrício Queiroz.
Ela contou ao MP que abriu uma conta na agência dentro da Alerj e foi orientada a fazer todos os meses o saque do salário na boca do caixa, já que no caixa eletrônico há um limite para a retirada. Depois de pegar o dinheiro, ela já solicitava um depósito para a conta de Fabrício Queiroz.
Luiza Sousa Paes foi assessora de Flávio entre 12 de agosto de 2011 e 11 de abril de 2012. Depois, trabalhou em outros setores da Assembleia.
Em quase dois anos de investigação, Flávio Bolsonaro tentou pelo menos dez vezes barrar o trabalho dos promotores. Em uma dessa ações, que ainda vai ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal, Flávio conseguiu o direito a foro privilegiado. Por isso, a denúncia do Ministério Público está sendo apresentada ao órgão especial do Tribunal de Justiça e não ao juiz da primeira instância.
Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e outros 15 investigados foram denunciados por peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa.
A defesa de Flávio Bolsonaro disse que ele não cometeu irregularidades e desconhece supostas operações financeiras entre ex-servidores da Alerj.
A defesa de Fabrício Queiroz declarou que não teve acesso à denúncia e vai comprovar a inocência dele.
Os advogados de Luiza Souza Paes disseram que ainda não foram notificados.
Do G1/Globo