Enxergar na crise uma nova oportunidade para empreender. Esse foi o pensamento de milhares de potiguares, que, em meio a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), aproveitaram o momento para realizar o sonho de ter um negócio próprio mesmo cercados de riscos e incertezas. De acordo com informações da Receita Federal, entre março e a primeira quinzena de agosto, o Rio Grande do Norte registrou 9.230 novos registros de empresas na categoria de Microempreendedor Individual (MEI).
O número representa um avanço considerando o cenário de retração do consumo, as atividades econômicas e o índice de abertura desse mesmo tipo de empresa em intervalo semelhante no ano passado, quando o estado formalizou 7.921 MEIs entre março e até o final de julho. ´
Esse aumento da quantidade de negócios formais não é verificado apenas no Rio Grande do Norte, mas em todo o país como resultado da busca, cada vez maior, de pessoas que se viram desempregadas e que, por não conseguirem se reinserir no mercado de trabalho, enxergaram no empreendedorismo uma alternativa para gerar renda. Segundo o Ministério da Economia, entre 31 de março e primeiro de agosto, foram formalizados 593.577 MEI’s e outras 85.036 pequenas empresas, entre microempresas e empresas de pequeno porte, no Brasil.
“Muita gente empreendeu pelo fato de muitos terem sido demitidos e outros já estavam com o negócio, porém na informalidade. E com a insegurança, buscaram a formalização, que, pelo menos, está contribuindo para a Previdência. Em muitos casos, esses empreendedores conseguem até comprar com preços mais convidativos no atacado tendo um CNPJ”, explica a gerente do Escritório Metropolitano do Sebrae-RN, Maiza Pessoa.
Na avaliação de especialistas do Sebrae, a maior parte desses novos empreendedores busca se estabelecer no setor de serviços, que exige um investimento inicial de menor valor em comparação com outros segmentos. Enquanto um empresário que resolve abrir um pequeno negócio no segmento da indústria ou comércio vai precisar de capital inicial para a compra de máquinas, insumos e possivelmente do aluguel de um espaço físico, nas atividades de serviços, essa demanda é mínima ou até inexistente.
E a recomendação para esses novos empreendedores é ficar de olho na gestão. Daí a importância de se qualificarem nessa área. O Sebrae oferece uma série de capacitações e conteúdos digitais que estão disponíveis no portal www.rn.sebrae.com.br/, sendo boa parte sem custo nenhum para o empreendedor.
Recomendações
Um das atenções principais para quem acabou de abrir um negócio nesse período é a questão da bioprevenção e segurança sanitária. Atentar para regras e protocolos estabelecidos para cada setor e evitar provocar aglomeração é um aspecto fundamental tanto para quem já está no mercado, quanto àqueles que planejam abrir agora o próprio negócio. As empresas que estão surgindo precisam estar preparadas para fazer negócio no ambiente digital. Isso significa estar presente nas redes sociais, ter uma loja online, atuar no Market Place e aplicativos e atender o público pelo WhatsApp.
Em um contexto ainda fortemente marcado pela retração do consumo, as micro e pequenas empresas precisam ser muito enxutas. Aqueles custos que não agregam valor ao cliente devem ser eliminados. O empreendedor também precisa se esforçar para que todos os canais da empresa atuem em perfeita sintonia e articulação. “É preciso se diferenciar. Buscar oferecer algo com cuidado, atenção e personalização”, recomenda Maiza Pessoa.
Os potenciais empresários precisam ainda estar sintonizados com as tendências de consumo mais presentes no momento de pandemia. Quem pretende abrir uma empresa deve observar que os conceitos de saúde, vida saudável, vida ao ar livre, bem-estar, nunca estiveram tão em alta.