Às vésperas do Carnaval, o
plenário da Assembleia Legislativa Rio Grande do Norte aprovou um projeto de
lei que regulamenta a concessão de férias e 13º salário para os deputados
estaduais, com efeito retroativo a 2015. No mesmo dia da aprovação, os
parlamentares reconheceram a situação de calamidade financeira do Estado em
decreto assinado pela governadora Fátima Bezerra e aprovado pela Casa Legislativa.
A aprovação destes benefícios e
a incoerência das duas matérias geraram a revolta e a indignação de líderes de
movimentos de direita do Rio Grande do Norte, que rechaçam a medida e exigem
que esta seja vetada, uma vez que precisa ser sancionada pela governadora do
Estado. O projeto aprovado na Assembleia é de autoria da Mesa Diretora,
presidida pelo deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB).
Coordenador do Movimento Brasil
Livre (MBL) no Rio Grande do Norte, Henrique
Neiva classifica a aprovação como uma “jogada suja”. “A nossa posição é de extremo
repúdio a essa jogada suja que aprovou, no mesmo dia, a calamidade financeira
do Estado e a aprovação deste benefício que gera um gasto de R$ 4,1 milhões a
título de 13º salário e férias dos deputados. O MBL se posiciona e vai
articular ações contra esse absurdo. Não podemos aceitar que esse tipo de
matéria seja pautada na Casa do Povo, principalmente, no momento de uma crise
financeira sem precedentes como a que estamos passando e que necessita de medidas
austeridade e responsabilidade, que os deputados demonstraram não ter nenhuma”,
afirmou.
Representante do grupo Força
Democrática, Carlos Reny ressalta o
período em que a votação foi realizada. “Essa aprovação foi uma canalhice
protagonizada pela Assembleia Legislativa justamente num período de
pré-carnaval para cair mais fácil no esquecimento da população, para, pelo
menos, a revolta ser momentânea, para que o povo brinque e caia no
esquecimento. A população precisa acordar e não aceitar isso de braços cruzados”,
pontua Reny.
Do movimento Endireita Natal, Allyson Lobato, declara o sentimento de
indignação. “No momento em que o Estado está em calamidade financeira – aprovada por
eles mesmos -, servidores com salários atrasados, o que influencia diretamente
na economia do Rio Grande do Norte, ‘pegando’ royalties adiantados, os
deputados aprovam, no “apagar das luzes” um projeto deste em benefício próprio?
É pisar na cara do povo do norte-rio-grandense. A população não pode se omitir,
tem que saber quem votou a favor, quem votou contra, quem concordou, quem
discordou e cobrar daqueles que ajudou a eleger. É imoral aceitarmos isso
diante do caos financeiro que estamos passando”, opina Lobato.
Os novos benefícios para os
parlamentares foram aprovados sem passar antes pelas comissões temáticas. A
dispensa de tramitação foi definida em reunião dos líderes partidários e de
bancada da Assembleia. No plenário, a votação foi simbólica. Após a aprovação
da AL, o projeto em questão já foi encaminhado para o Gabinete Civil do Governo
do Estado e a governadora Fátima Bezerra tem até 20 de março para decidir se sanciona ou não a medida.