Foi destaque na edição digital do dia 20.agost.18 na Folha de S.Paulo
O professor Oton Mário, 43, prefeito de Jaçanã (a 150 km de Natal) está num processo de cassação que a Câmara abriu em julho contra o prefeito. Gay e colega de partido do presidenciável Guilherme Boulos, Oton venceu com 49% dos votos após uma campanha barata, na qual o baixo orçamento rendeu a ele o apelido de “Liso”.
“Nem o partido acreditava na gente. Achava que era um louco que queria se aventurar”, diz ele ao receber a Folha em seu gabinete numa manhã de quinta-feira, dias atrás.
Na campanha, enquanto a única ajuda vinda do PSOL eram “uns santinhos”, enfrentava ataques, muitos à boca miúda, por ser homossexual.
Oton circula nas ruas entre acenos e sorrisos e diz que uma pesquisa lhe dá 80% de aprovação.
Então por que a Câmara Municipal abriu um processo de impeachment contra ele?
O prefeito afirma ser vítima de perseguição por ter cortado regalias de vereadores e cruzado o caminho da classe política jaçanaense.
Oton diz que suspendeu privilégios como o direito de cada vereador de nomear três servidores no município. “Eles tinham auxílio-medicamento, acesso livre ao posto de gasolina. Abasteciam e a conta vinha para cá, sendo que a Câmara tem recursos”, relata.
Silva é espectador privilegiado dos protestos às terças, dia de sessão do Legislativo, desde que a cassação entrou na pauta. Vídeos mostram a multidão gritando “não vai ter golpe” e “fora, golpistas”.“A maioria das pessoas está a favor do prefeito”, diz o comerciante.
O presidente da Câmara, José Gelzo (MDB), nega a troca de favores. “É uma suposição que ele faz. Colegas querem entrar na Justiça para ele provar que acontecia isso, esses agrados.”
A denúncia lista uma série de problemas de ordem administrativa, como irregularidades em licitações e em compras da prefeitura. Oton contestou as acusações no microfone da Câmara e por escrito.
Entre os feitos cita contratação de médicos, climatização de salas de aula, operação tapa-buraco, revitalização de praças e reforma de calçamentos e do mercado público.
Logo que foi empossado, Oton fez uma varredura em busca de funcionários fantasmas. “Tinha mais de 30 apadrinhados. Até gente que mora em São Paulo e recebia salário”, diz ele.
Na parede, a galeria de fotos dos ex-prefeitos repete sobrenomes como Farias e Silva.
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