Os setores da construção, serviços industriais de utilidade pública e a extração de petróleo e gás natural respondem, ao lado de outros, por 79% da indústria do Rio Grande do Norte. Segundo informações que constam no portal da Confederação Nacional da Indústria (CNI) na Internet, o setor industrial é responsável por aproximadamente 21% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado.
Apesar desse peso do setor na economia potiguar, os números referentes à empregabilidade são nada animadores. De acordo com o Cadastro Geral de Empregado e Desempregado (Caged), as principais atividades no estado ligadas à Indústria, mais demitiram do que contrataram no mês de julho de 2018.
Para o gerente-executivo de Estudos e Prospectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Márcio Guerra, esse quadro também é reflexo da falta de capacitação identificada, principalmente, na Educação Básica do país.
Com base em estudo da CNI, Guerra afirma que a falta de qualidade na Educação Básica brasileira é um problema antigo e que atrapalha o ingresso do jovem no mercado de trabalho. “Apesar de a educação colocada hoje passar por uma possibilidade de reforma, ela ainda é pouco conectada com os reais problemas do mercado de trabalho”.
De acordo com o balanço, que faz parte de um grupo de propostas apresentadas aos candidatos à Presidência da República para as Eleições deste ano, o Brasil conseguiu praticamente universalizar o acesso ao Ensino Fundamental. Em 2015, por exemplo, 97,7% da população de 6 a 14 anos estava matriculada nesse nível de escolarização. Contudo, Guerra explica que isso ainda não é o suficiente.
“Nós tivemos um processo de universalização da educação do Brasil, mas quando olhamos as taxas de produtividade, percebemos que a educação não fez transformações na área, muito por causa da baixa qualidade que se tem”, disse.
Naquele ano, cerca de 1,5 milhão de jovens com idade entre 15 a 17 anos deveriam estar cursando essa etapa da formação educacional, no entanto, encontravam-se fora da escola.
Ensino Superior
Para o pesquisador do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), Jairo Eduardo Borges, os cursos superiores e a educação profissional precisam ser modalidades complementares. Ou seja, uma não anula a outra, mas sim, “há aqui uma junção da teoria e da prática que podem ser pontos determinantes na hora de conseguir um emprego”.
Porém, vistas de pontos separados, o professor ressalta que “pessoas que têm mais qualificação profissional, têm mais probabilidade de conseguir um trabalho e também de conseguir trabalhos melhores”. Ainda segundo ele, “ter um nível de escolaridade superior não vai necessariamente garantir emprego”.
Educação técnica e profissional
Segundo consta no último balanço do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC), no Nordeste, meio milhão de pessoas procuram se especializar em alguma área através de um curso técnico ou de educação profissional.
Apesar do número expressivo na região, a pesquisa divulgada pela CNI revela que, em todo o país, apenas 11,1% dos alunos do Ensino Médio estão cursando Educação Profissional. Embasada em dados do Centro Europeu de Desenvolvimento da Formação Profissional, a Confederação revela que em países com grande tradição nesse modelo, como Áustria e Finlândia, a taxa de jovens que cursam itinerários vocacionais é de cerca de 70%.