Os trÊs principais postulantes ao posto de governador em 2018 já deram pistas sobre como vão enfrentar o pleito do ponto de vista discursivo. Tentarei destrinchá-los com as pistas dadas até aqui:

Fátima Bezerra

A senadora tentará estadualizar o debate federal em torno das reformas, do que chama de “golpe” contra a ex-presidente Dilma e sobre ser oposição ao presidente Michel Temer. Para ela, conforme manifestação em plenário, o governo de Robinson Faria vem praticando o mesmo tipo de austeridade do governo federal e traiu o PT. Usará o fato de que Henrique se encontra preso e que a prefeitura será entregue ao caicoense Alvaro Dias, pemedebista liderado de Henrique contra CEA.

Pontos sensíveis

A senadora talvez enfrente dificuldades para estadualizar o debate federal no RN. Isto porque há questões concretas locais que não passam pelo governo federal, tais como crise fiscal e o problema da segurança pública. Aqui, ao contrário do que tem dito a senadora, não fizemos reformas fiscais duras. Elas as fará? E como resolverá a segurança? Ela tem contra si também, o que provavelmente será explorado pelos outros candidatos, a sua inexperiência administrativa. Ela nunca ocupou um cargo no executivo. O antipetismo de uma parcela da sociedade será também uma barreira.

Carlos Eduardo Alves

O prefeito Carlos Eduardo tentará mobilizar a ideia de que é um gestor e, mais uma vez, sacará Micarla de Sousa. Para tanto, tentará apresentar o RN em estado de falência, para dizer que o que fez na prefeitura do Natal fará no governo do RN. Além dessa crítica direta ao atual governador, já deixou claro que tentará colocar Robinson e o PT como aliados.

Pontos sensíveis

Carlos Eduardo Alves usará a comparação com Micarla, ok. Mas ele enfrenta atrasos de salários e outros problemas na sua gestão municipal. Será um flanco contra ele que talvez enfraqueça o “exemplo Micarla”. Henrique será um problema também. Sua possível chapa, com Garibaldi e José Agripino, pode ficar “pesada” demais para ele carregar. O sentimento mudancista, diante dessa chapa, terá de ser enfrentado. Por fim, Alvaro Dias será outro problema. Deixar a prefeitura nas mãos de um aliado de Henrique não será fácil de ser explicado.

Robinson Faria

Ao normalizar os salários agora no fim do ano, Robinson Faria espera entrar em 2018 sem este desgastante problema, alegando ter superado uma das maiores crises da história potiguar gerada pela perda de arrecadação, crescimento do déficit fiscal e sete anos de seca. Procurará mostrar as realizações de seu governo na área social, no convívio com a seca, na ambientação de negócios, turismo e fará o concurso da PM, contratando cerca de mil profissionais. Em entrevista a uma rádio do interior, alegou que vencerá novamente o acordão que se desenha contra ele, possivelmente em referência aos Alves.

Pontos sensíveis

Robinson Faria terá a crise fiscal na sua gestão como principal problema. Terá de mostrar que o revés vivenciado pelo RN se deu pelo efeito de uma grave perda de arrecadação e não por uma questão de gestão dele. Em 2018, terá de apresentar um calendário salarial e efetivá-lo, criando uma sensação de superação da crise. Do contrário, fica mais difícil ir para uma campanha com os salários atrasando novamente (estou partindo do pressuposto de que os salários serão colocados em dia). Por fim, Robinson Faria terá de mostrar realizações consistentes em sua gestão e a tarefa de apresentar avanços na área de segurança, sua principal bandeira em 2014, mas que teve, no índice de homicídios, uma elevação significativa.

POR QUE ACHO QUE O TEMA DA CORRUPÇÃO NÃO SERÁ PONTO RELEVANTE

O tema da corrupção será mobilizado por todos em algum momento. Porém, não acredito que isto será ponto a ser levado em conta pelo eleitor. De forma direta ou indireta, todos passam por complicações nessa seara. Na prática, acredito, a questão será secundarizada pela democratização das operações da PF/MPF.

Por Daniel Menezes/ O Potiguar