BRASÍLIA (Reuters) – Mesmo diante da impossibilidade de um acordo em torno de Proposta de Emenda à Constituição que cria um fundo público de financiamento de campanhas e modifica o sistema eleitoral, a Câmara iniciou na noite de quarta-feira a discussão da PEC para tentar votar ao menos seu texto principal.
Ao longo do dia lideranças tentavam construir um acordo para garantir ao menos a votação do texto principal da medida ou votar a PEC de forma fatiada, deixando a análise de temas polêmicos para a quarta-feira.
Mas o clima não estava dos mais amistosos e assim que foi iniciada a discussão da PEC, manobras de obstrução brotaram no plenário, deixando a divergência entre os parlamentares evidente.
Mais cedo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que colocaria a PEC em votação mesmo sem acordo nesta terça, mas aguardava que fossem registradas aproximadamente 470 presenças na Casa para iniciar a votação da matéria de forma confortável, já que são necessários 308 votos para aprovar seu texto.
Pouco depois da votação de uma MP que trata da renegociação de dívidas previdenciárias de Estados e municípios com o INSS, o placar marcava 468 em plenário, número próximo do quórum considerado seguro pelo presidente da Casa.
Antes do início dos trabalhos no plenário, até a oposição concordava em votar o texto principal da PEC nesta terça. Mesmo o PT, que fechou questão contra o sistema majoritário que a PEC pretende implantar como substituto ao modelo proporcional para 2018 e 2020, havia topado iniciar a votação da proposta nesta noite.
Mas segundo um deputado, que preferiu não se identificar, o combinado de votar o texto-base nesta terça-feira poderia ser ameaçado pelo temor de uma repercussão negativa com a aprovação de um texto que prevê a criação de um fundo abastecido com recursos públicos.