Às 23h40 desta quinta-feira (15), familiares receberam a notícia da morte da ex-governadora Wilma de Faria, aos 72 anos. Há quase dois anos ela lutava contra um câncer, mas não resistiu e morreu na Casa de Saúde São Lucas.
Wilma vinha convivendo com câncer no sistema digestivo há mais de dois anos, quando passou por tratamentos quimioterápicos e algumas cirurgias em São Paulo e Natal. Estava desde o dia 3 de junho na Casa de Saúde São Lucas, onde permaneceu até agora quando morreu por falência múltipla de órgãos.
Era casada há 12 anos com José Maurício de Souza e deixou 4 filhos: a deputada estadual Márcia Maia, Ana Cristina, Cíntia e Lauro.
Ela cumpria mandato de vereadora da capital potiguar na atual legislatura.
No Hospital
No dia do seu falecimento, estavam no quarto com ela a deputada Márcia Maia e as filhas, Lauro Maia e a esposa, Ana Xavier, Cláudio Porpino e Vagner Araújo. Esses últimos eternos escudeiros da Guerreira.
História pessoal
Nascida em Mossoró, Wilma se formou em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 1975, e concluiu, na mesma universidade, o curso de especialização em sociologia.
Ainda jovem, casou-se com o médico Lavoisier Maia, integrante de uma das famílias com atuação política de destaque no Estado, via o senador Dinarte Mariz.
Em 1978, com a nomeação de Lavoisier Maia para o governo do RN, Wilma passa a coordenar o Programa Nacional do Voluntariado (Pronav), da Legião Brasileira de Assistência (LBA), e presidiur o Movimento de Integração e Orientação Social (Meios) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Em 1982, foi nomeada para a Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social, além de presidir a Fundação Estadual do Trabalho e Ação Comunitária e o Conselho Estadual de Menores.
Iniciou sua carreira política em 1979, e sua trajetória teve êxito e foi lavrada em Natal.
Cerimônia de despedida
A Catedral Metropolitana de Natal foi palco do adeus à Wilma de Faria. Familiares, amigos, políticos, empresários, admiradores e curiosos entre lágrimas e emoção foram dar o último adeus.
O corpo de Wilma de Faria ao chegar na Catedral foi recebido sob aplausos e lágrimas.
O arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, iniciou a missa de corpo presente da ex-governadora às 17h23, de ontem. Ele abriu espaço para a fala com despedidas de autoridades.
O sepultamento, por volta das 22 horas de ontem, no cemitério Morada da Paz, foi entoado pelo toque da marcha fúnebre da banda de música da Polícia Militar e ao som da composição “Meu coração é vermelho”.
Presença de políticos
A senadora Fátima Bezerra (PT) compareceu ao velório da ex-governadora Wilma de Faria. Fátima foi rival em várias disputas eleitorais com Wilma.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Raniere Barbosa (PDT), o prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) e o governador Robinson Faria (PSD) puderam falar na homenagem.
Outras autoridades e políticos também acompanharam o velório e o sepultamento, como o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), o ex-senador e ex-governador Lavoisier Maia Sobrinho, o ex-governador, Geraldo Melo, Edinólia Melo, ex-prefeita de Ceará Mirim, João Campos, atual secretário geral do PSB de Pernambuco, filho de Eduardo Campos.
História na política
Wilma de Faria ocupou importantes cargos na política potiguar. Ela conseguiu definir rumos de partidos e alianças no Rio Grande do Norte. Foi a primeira mulher a comandar o governo do RN
Tudo iniciou quando o então marido na época Lavoisier e o primo José Agripino a lançaram nas eleições diretas de 1985 candidata à prefeitura de Natal. Ela pedeu o pleito para o então deputado federal Garibaldi Filho (PMDB), mas no ano seguinte (1986) é eleita deputada federal. Seu ingresso na política partidária foi através do extinto Partido Democrático Social (PDS).
Em 1988, foi eleita prefeita de Natal, cumprindo um mandato de quatro anos. Em 1994, disputa a eleição para governador e fica em quarto lugar. Em 1996, volta a disputar a Prefeitura de Natal com o apoio de José Agripino Maia e vence. Em 1999, rompe politicamente com José Agripino Maia e em 2000 recebe o apoio do então governador Garibaldi Alves Filho para mais um reeleição na Prefeitura de Natal.
Em abril de 2002, renuncia à prefeitura de Natal – deixando o cargo para o vice, Carlos Eduardo Alves – para disputar o governo do estado, sendo eleita derrotando de forma surpreendente Fernando Freire. Em 2006, candidata à reeleição, derrota Garibaldi Alves.
Em 31 de março de 2010, Wilma de Faria decidiu renunciar ao governo do Rio Grande do Norte, passando o cargo ao vice, Iberê Ferreira,e se candidata a senadora nas eleições gerais de 3 de outubro do mesmo ano, mas não conseguiu se eleger. Na eleição municipal de Natal em 2012, Wilma de Faria sairia como candidata a vice-prefeita na chapa de Carlos Eduardo na chapa vitoriosa.
Em 2014, já afastada do prefeito Carlos Eduardo, Wilma de Faria decide tentar novamente uma vaga para o senado com o apoio das oligarquias Alves, Rosado e Maia, mas ficou em segundo lugar. Em 2016, veio a última eleição: para vereadora de Natal.
Wilma de Faria deixou o PSB, após perder a presidência estadual para o deputado federal Rafael Motta, e se filou ao PTdoB, assumindo o comando da legenda.
Repercussão e depoimentos
Da jornalista Cledivânia Pereira, assessora de imprensa da governadora Wilma de Faria: “Infelizmente eu não fui para ela o que ela foi para mim: a imagem do renascimento. Não tivemos tempo para um outro encontro.Mas a vida já tinha nos dado tempo para desenvolver os mais nobres dos sentimentos: respeito, admiração, bem-querer”.
Do Companheiro de Wilma de Faria durante 12 anos, o atual marido José Maurício de Souza: “Não tenho descrever Wilma sem falar só de virtudes. Ela se dedicou totalmente as causas do Rio Grande do Norte na parte estrutural e social. Ela fará muita falta ao nosso povo. Não deu tempo dela fazer todos os projetos enquanto vereadora. Agora fica só a saudade”.
Da filha e deputada Márcia Maia (PSDB): “Ela deixa um legado, exemplo de determinação, trabalho, ousadia, idealismo e muito garra. Ela foi uma batalhadora em todas as fases de sua vida, como profissional na área da educação, como mãe. Sempre foi uma referência na minha vida e dos meus irmãos, tios, netos e todos os natalenses”.
Robinson Faria (Governador do Rio Grande do Norte): “Dona Wilma, como carinhosamente passou a ser chamada pelo povo do Rio Grande do Norte, deixará enorme lacuna na vida pública do nosso estado. Sou parte de uma geração de políticos que muito aprendeu com ela, a partir da sua coragem, da inteligência emocional para tomar decisões importantes, da sua abnegação por servir ao povo e do espírito público exemplar”.
Carlos Eduardo (Prefeito de Natal): “É com profundo pesar que a Prefeitura do Natal lamenta o falecimento da vereadora, ex-governadora e ex-prefeita Wilma de Faria. Wilma foi prefeita da cidade por três mandatos, tendo toda uma história de serviços prestados a Natal e à sua gente não somente na realização de importantes obras de infraestrutura, como com presença marcante na atuação social, refletindo sua formação como professora universitária e mestre em Educação pela UFRN”.
Outros políticos e instituições como Rogério Marinho, Vivaldo Costa, Fecam RN, TJRN, FIERN, Fecomércio, UFRN, PSDB-RN, ABAV-RN, Fátima Bezerra, José Agripino, FEMURN, Zenaide Maia, entre outros, também enviaram notas de pesar.