O empresário potiguar Manoel Ramalho criou seu próprio serviço de filmes de streaming, voltados apenas para obras com mais de 25 anos de existência. Chamado de Oldflix, o serviço atraiu “milhares” de assinantes e teve até que interromper o funcionamento para dar conta de tantos usuários.
Abaixo leia entrevista completa dele a Agência Estado.
Estado: Como surgiu a ideia de criar o Oldflix?
Manoel Ramalho: Faz uns quatro anos que percebo que temos um grande público que gostaria de consumir filmes e séries antigas, mas que não tinham um lugar para fazer isso. Eu já tinha essa ideia de criar um canal para este tipo de conteúdo, mas ela foi amadurecendo ao longo dos anos. Logo depois da explosão do Netflix, pensamos no streaming. Como já eu tinha os direitos de exibição de muitos filmes, por causa da minha emissora, criar o Oldflix foi fácil. Levei os filmes que já tinha direitos para uma plataforma diferente da televisão. E foi o sucesso que foi.
Você esperava que o Oldflix seria um sucesso?
Eu não imaginava que ia dar no que deu. Em dois dias, o Oldflix ficou maior que a minha empresa de 22 anos. Chegamos a registrar mais de 30 novos cadastros por minuto. Nós até nos vimos obrigados a frear o crescimento dessa base de usuários para podermos arrumar a plataforma e ter um sistema ainda melhor.
Qual o perfil do público interessado no Oldflix?
Essa é a grande surpresa: 70% do nosso público é formado por pessoas abaixo de 26 anos. Ou seja: a gente nem atingiu o público que queremos, que está acima de 40 anos. Nossa ideia é aprender com a comunidade que se formou, com os jovens. Eles já pedem aplicativo para iPhone, para Chromecast. Nossa geração nem sabe o que é isso! Vamos aprender com eles e, depois, vamos nos adaptar.
Vocês se consideram o Netflix dos filmes antigos? Vocês gostam desse título?
Eu acho honroso. Se a gente chegar a 10% do que é o Netflix, a gente já vira os maiores milionários do Brasil! Ainda não pensamos ainda em oferecer o serviço fora do Brasil.
Qual é o modelo de negócios do serviço?
O valor da mensalidade acaba sendo dividido. Uma parte vai para a empresa que cobra pelo direito autoral do filme, outra para pagar as despesas do Oldflix e uma outra parte fica com a gente. Essa terceira parte, então, recebe uma outra divisão aqui dentro da empresa: uma parte nós destinamos para auxílio a organizações não-governamentais (ONGs) e a outra vai para reinvestir na plataforma.
O que vocês esperam daqui para a frente?
O que eu mais espero é que o Oldflix traga muito entretenimento para as pessoas com qualidade, respeito e responsabilidade. Precisa ter respeito. Lá não entra, jamais, conteúdo pornográfico. Eu quero ajudar essa nova geração para que eles saiam dessa matriz de pornografia. Quero que o serviço seja o maior do gênero no Brasil e, quem sabe, do mundo. Afinal, o Oldflix é da comunidade.