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Prêmio Nobel de Física 2019, o cientista suíço Michel Mayor tem uma estreita relação que ajudou uma universidade do Nordeste a ser referência em pesquisas de astronomia. Ainda em 2006, a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande Norte) concedeu a Mayor o título de doutor honoris causa por conta dos serviços prestados à instituição.

Tudo começou ainda em 1985, quando o físico José Renan de Medeiros —hoje professor e pesquisador do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN— foi fazer doutorado em Genebra, na Suíça. Lá, os dois astrônomos se conheceram, pesquisaram juntos e estreitaram laços que viriam a dar frutos científicos à instituição nordestina.

“A participação de Mayor foi decisiva porque, quando fui para Genebra, em outubro de 1985, a astronomia era inexistente aqui na UFRN. Quando voltei do doutorado, em 1990, as condições eram as mesmas: havia muita dificuldade financeira. Nos dois primeiros anos após minha volta, ele abriu as portas para financiamentos, missões internacionais, material de computação, ou seja, os recursos mínimos para que a atividade de astronomia existisse”, conta.

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Segundo Medeiros, a partir dali foram feitas colaborações e pesquisas conjuntas, que renderam 17 artigos científicos assinados pelos dois. Com isso, a área foi ganhando corpo científico e estrutural. “Ele deu a mão como se fosse um dos participantes do nosso time, abriu um leque de publicações conjuntas. Das 17 publicações com ele, três eram também com estudantes meus em dissertações de mestrado”, conta.

Michel Mayor, James Peebles, e Didier Queloz foram os vencedores do Prêmio Nobel 2019 de Física, em anúncio feito no último dia 8 pela Academia Sueca. Eles foram premiados por suas contribuições para “uma nova compreensão da estrutura e da história do Universo”. As pesquisas envolvem descobertas teóricas em cosmologia física.

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Caçadores de planetas

Após o contato, o departamento da UFRN iniciou em 2014 a participação em projeto de ponta tecnológica: o desenvolvimento de um novo “caçador de planetas”, que será instalado em abril de 2020 no ESO (Observatório Europeu do Sul), no Chile. Além da UFRN e do ESO, participam da confecção do equipamento o Instituto de Astrofísica de Canárias, em Tenerife (Espanha), e o Instituto Max Planck, em Munique (Alemanha).

“Esse equipamento vai buscar planetas no espaço, só que de forma muito mais sofisticada do que os que existem hoje. Esse espectrômetro —chamado de Nirps— vai dar condições de descobrirmos planetas como a Terra”, conta.

O convite para participar da pesquisa veio pelo sucesso em uma área da astronomia que hoje coloca a UFRN como referência: o estudo da rotação de estrelas e detecção de multiplicidade entre as estrelas. “Foi a partir desse reconhecimento internacional, impulsionado por Michel Mayor, que começamos a ser chamados para compor grandes consórcios internacionais para construção de instrumentos de ponta”, diz Medeiros.

“Esse instrumento coloca a UFRN no estreito círculo de instituições que trabalham no desenvolvimento de instrumentação científica para a astronomia. Ele vai representar um divisor de águas na nossa busca por planetas iguais à Terra devido às precisões de detecções que ele vai oferecer”, completa o cientista da UFRN. A montagem do equipamento começa em novembro.

Fonte disponível em: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2019/10/11/como-o-nobel-tornou-uma-universidade-do-nordeste-referencia-em-astronomia.htm