A governadora Fátima Bezerra importou para o Rio Grande do Norte o
ex-secretário de administração penitenciária do Amazonas, Pedro
Florêncio Filho.
O ato de nomeação foi publicado no Diário Oficial do Estado dessa quinta-feira (21).
Florêncio Filho comandou o sistema penitenciário do Amazonas quando
um motim no final de 2016 terminou com 56 mortes no Complexo
Penitenciário Anísio Jobim.
A ação que ele responde é exatamente sobre contratos de terceirização
na gestão desse presídio. O processo, que tramita no Tribunal de
Justiça do Amazonas, está concluso para sentença.
O Blog do Dina procurou a assessoria de imprensa da governadora Fátima Bezerra e a da Secretaria de Justiça e Cidadania. A assessoria da governadora não atendeu e não retornou às chamadas. A assessoria de imprensa da Sejuc se prontificou a se posicionar ainda nesta sexta-feira.
Acusação
Na ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Pedro
Florêncio Filho aparece como responsável por má gestão ao ter celebrado
aditivo com empresa responsável por gerenciar o presídio, com preços
acima da média nacional.
“Por ter sido o Aditivo objeto dessa ação popular sido assinado por
Pedro Florêncio Filho, a lei determina que o mesmo obrigatoriamente
componha o polo passivo da demanda, ainda que estivesse, no caso, agindo
estritamente sob ordens superiores”, descreve o documento.
A empresa em questão é a Umanizzare Gestão Prisional. Ela foi
contratada em 2014 com previsão de prestação de serviço de 30 meses, sem
previsão de renovação contratual.
Pelos termos do contrato, a Umanizzare teria ficado responsável por
serviços de gerência técnica, tal qual a administração da saúde,
alimentação, limpeza, assistência psicológica e jurídica dos internos do
Complexo Penitenciário Antonio Jobim.
O contrato de gestão previa um custo por preso praticamente duas
vezes superior (o preço foi reajustado na vigência do contrato de R$
4.325,62 para R$ 4.709,78) ao valor médio de R$ 2.400,00 gasto no
Brasil, segundo o Ministério da Justiça, e bastante superior ao
parâmetro de prisões federais de segurança máxima (cerca de R$
3.800,00).
O contrato expirou em 1º de dezembro de 2016, trinta dias antes do
motim que chocou o Brasil. Mas em 10 de janeiro de 2017, o governo
renovou o contrato com termo aditivo, sem ter se mobilizado para
realizar licitação.
Na ação judicial, é descrito que o conjunto de ações do Estado, sob a gestão de Pedro Florêncio, restou demonstrando a “ineficiência na prestação do serviço, bem como da lesividade econômica ao erário, evidenciando a inexistência de motivos que fundamentem ou justifiquem o ato [continuidade do contrato]”.
Do blog do Dina