O país todo foi surpreendido nesta sexta-feira (17) com a Operação Carne Fraca, com o objetivo de desarticular organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Operação atingiu mais de 70 empresas, entre elas a Friboi e JBS; três unidades foram interditadas. Foram emitidos 38 mandados de prisão – 34 contra funcionários públicos.

Segundo a PF, a operação detectou, em quase dois anos de investigação, que as Superintendências Regionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente para proteger grupos empresariais, em detrimento do interesse público.

O esquema permitia a liberação de carne vencida, contaminada, a troca de rótulos de validade, e o uso de substâncias químicas para maquiar carne estragada em cargas de carne, frango e embutidos de porco e aves, que seriam vendidas para o Brasil, países da Europa e para a China.

Os suspeitos são investigados pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção, concussão, tráfico de influência, prevaricação, peculato, crime contra saúde pública, falsificação de documento público, violação de sigilo funcional e fraude documental.

Além dos 38 mandados de prisão – 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária – foram emitidos 77 mandados de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão.

Empresas investigadas
Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda.
BRF – Brasil Foods S.A, cinco endereços entre unidades de produção e escritórios.
Dagranja Agroindustrial Ltda.
E.H. Constantino
Frango a Gosto
Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.
Frigomax – Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda.
Frigorífico 3D
Frigorífico Argus Ltda.
Frigorífico Larissa Ltda.
Frigorífico Oregon S.A.
Frigorífico Rainha da Paz
Frigorífico Souza Ramos Ltda.
Três unidades produtivas da JBS SA
Mastercarnes
Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda.
Peccin Agroindustrial Ltda. Italli Alimentos
Primor Beef – JJZ Alimentos S.A.
Seara Alimentos Ltda.
Unifrangos Agroindustrial S.A. Companhia Internacional de Logística
Breyer e Cia Ltda.
Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda.

Presos
Também foram presos funcionários de grandes grupos frigoríficos, como o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney Nogueira dos Santos, detido ao chegar ao Brasil neste sábado (18); o diretor da BRF André Luiz Baldissera; e o funcionário da Seara, empresa da JBS, Flávio Evers Cassou. Segundo o Jornal Hoje, o dono do frigorífico Larissa, Paulo Rogério Sposito, também foi preso.

Notas
 Em nota, a JBS admitiu que três de suas fábricas foram alvo da operação, mas repudiou a adulteração de produtos e afirmou que a empresa e suas subsidiárias “atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”, diz a nota. (veja íntegra no fim da reportagem)

Em nota enviada ao mercado, a BRF informou que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. “A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”.

A Central de Carnes Paranaense, dona das marcas Master Carnes, Souza Ramos e Novilho Nobre, esclareceu em nota que recebeu a visita dos policiais, mas que nenhum de seus funcionários foi detido. A empresa disse que está colaborando com as investigações, que classifica como “de suma importância para uma concorrência leal do mercado” e que está comprometida “com a verdade e com a ética”.

Em nota, o Grupo Argus declarou que obedece rigorosamente às observações sanitárias e de qualidade determinadas, sem solicitar quaisquer favorecimentos ao Sistema de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura em detrimento da qualidade de seus produtos, e se solidariza com a ação que deve trazer benefícios significativos ao setor. No âmbito da operação, todo o corpo diretor e administrativo do grupo está inteiramente à disposição das autoridades policiais.

A E. H. Constantino informou que está colaborando com as investigações e, questionada, declarou não ter ligação alguma com os grupos JBS e BRF.

A Primor Beef informou que o dono está viajando e ninguém da empresa tem autorização para comentar sobre o assunto.

Com informações do G1